Artigo da semana: Vandalismo inaceitável

Em 2021, o Prêmio Nobel da Paz foi entregue a dois jornalistas que lutam pela liberdade de expressão e defesa dos direitos humanos. A decisão do Comitê Nobel Norueguês apontou que o trabalho da imprensa em todo o mundo é fundamental. Especialmente, quando veículos de comunicação, não só jornais, sofrem ataques sistemáticos, na tentativa de intimidar e calar seus profissionais.

Em Manaus, no último fim de semana, uma placa de apoio ao governo Bolsonaro foi pichada, quebrada e derrubada, além da imagem ser rasgada pelos vândalos. O crime chama a atenção porque toda violência contra a liberdade de expressão coloca em risco a democracia. O ataque é contra o direito sagrado de se expressar.

Não se pode confundir liberdade de expressão com libertinagem. Dizer o que se pensa, não dá o direito de ofender, ameaçar, coagir ou humilhar o outro. Até onde se sabe, a placa mostrava o apoio a gestão do presidente da República, Jair Bolsonaro. Ora, qualquer um que se candidata a cargos públicos eletivos, está sujeito a críticas e aplausos, e suas gestões passam pelo crivo da avaliação popular. Democracia é isso. Afinal, não existe governo que agrade a todos. E, por isso, quem não está satisfeito com os governantes, tem todo o direito de criticar. Assim como quem defende e está feliz com a gestão, tem todo o direito de elogiar e defender o governo. A vida política é assim.

Mas a violência que tem ocorrido foge ao propósito da política. O país caminha para a eleição presidencial mais polarizada dos últimos anos. Afinal, pouco mais de 60 dias para as eleições, nenhum nome se consolidou como possível “terceira via” a Lula (PT) e Bolsonaro (PL). O povo já escolheu que prefere um dos dois, o que acirra os ânimos de apoiadores.

É preciso cautela, respeito e paz na política. Simbolicamente, a destruição do outdoor em Manaus vem mostrar que a violência está presente e que a intolerância, lamentavelmente, dá as suas caras.

Mas o bom jornalismo e a comunicação de qualidade sempre resistiram a atos do gênero. Mesmo com muitos tendo pago com as próprias vidas. Sobretudo, é preciso acreditar que a imprensa, a comunicação responsável e o direito de se expressar são fundamentais para a democracia.