Artigo : O voto do jovem eleitor
- blogdojucem
- 16 de abr. de 2022
- 3 min de leitura

A crescente apatia política do jovem cidadão já é de conhecimento público. Esse comportamento é explicado pelos recorrentes escândalos de corrupção amplamente divulgados pela mídia em geral em nosso país e traz impactos no sistema eleitoral. Como exemplo, o TSE demonstrou recentemente essa desmotivação, ao apresentar o baixo índice de alistamento eleitoral dos jovens de 16 e 17 anos. O voto deles é facultativo e os números revelam tendência de queda nos últimos 10 anos.
O filósofo Francis Wolff explica que o crescimento de cidadãos apolíticos põe em risco a própria democracia. Isso porque um país de jovens sem engajamento na política, é ambiente propício para a propagação de políticos corruptos e/ou autoritários. Também prosperam os chamados políticos profissionais, que são aqueles que se preocupam única e exclusivamente, com a manutenção de seu mandato e não com o bem-estar da população.
E a situação tende a se agravar cada vez mais com o passar do tempo, com a vinda de outros jovens desinteressados pelo tema. O que aumenta o contingente de cidadãos avessos e alheios à política. Quando menciono política aqui, não é necessariamente apoiar, se envolver, levantar bandeira para A ou B. Mas se preocupar em escolher o candidato, saber sua trajetória de vida e, caso eleito, acompanhar a sua atuação política.
O voto que o político corrupto, autoritário ou simplesmente “profissional” mais teme é o voto consciente. Isso, porque para esse eleitor, é preciso prestar contas e mostrar serviço, para garantir o seu apoio no próximo pleito.
O político que se elege pelo voto do eleitor que não se engaja, governa para poucos, em prol de interesses muitas vezes escusos. Raramente, não tem qualquer compromisso com o coletivo. Ele atende os verdadeiros interesses de uma minoria privilegiada que, por sua vez, em época de eleição, utiliza de sua influência socioeconômica, para garantir o voto de cidadãos de baixa renda em troca de pequenos favores individuais.
É o velho voto do cabresto, prática ainda da República Velha, que driblando o sigilo, a severa punição dada à compra de voto e às limitações de campanha para se evitar abuso de poder econômico, sempre vem à tona em suas mais diversas facetas: favorecimento na escolha de ruas para calçamento, promessa de cargo público, aprovação de projetos apadrinhados etc. O que é preciso perceber é que não gostar de política por causa das corrupções divulgadas é contribuir para que elas aumentem cada vez mais.
Já no berço da civilização ocidental, na antiga Grécia, o filósofo Platão advertia que o castigo dos bons que não gostam de política é serem governados pelos maus que gostam. Não acreditar mais é dar certeza à corrupção e/ou ao autoritarismo. A democracia ainda é a forma de governo que se mostrou mais eficaz aos interesses de uma nação, porque todos têm o direito de escolher aquele que melhor lhe parece capaz para governar em benefício de todos.
Se todos nós valorizarmos o poder do nosso voto, e por causa desse direito/dever, termos o cuidado de escolher um candidato honesto, atuante e de bom caráter, a oportunidade dada a ele deve ser fiscalizada por 4 anos, para sabermos se valeu a pena, se devemos votar nele de novo.
Votar em qualquer um e sequer fiscalizar o que foi feito é dar a arma para o ladrão assaltar seu próprio bolso. Não deixemos nossa democracia morrer. Jovem eleitor, venha para as urnas. Votar é preciso. Esse é o único caminho viável e pacífico de alcançar o bem comum.
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