Criação de federação entre União Brasil e PP provoca crise interna e articulações para debandada
- blogdojucem
- 5 de mai.
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A recém-formalizada federação entre União Brasil e Progressistas (PP), anunciada nesta semana, já provoca reações negativas entre parlamentares das duas legendas, que começaram a se articular nos bastidores para deixar seus partidos. O principal motivo da insatisfação segundo o Metrópoles seria a perda de autonomia nos estados e a concentração de poder nas mãos de lideranças nacionais, especialmente do presidente da federação, o deputado Arthur Lira (PP-AL).
A aliança, que funcionará como uma fusão temporária com duração mínima de quatro anos, prevê unificação de decisões sobre recursos eleitorais, composição de chapas e candidaturas. No entanto, deputados e senadores ouvidos sob condição de anonimato relataram desconforto com o “mapa de comando” definido pelas cúpulas partidárias, que redistribui o controle político regional entre os dois grupos.
Pelo acordo, a federação ficará sob o comando nacional de Arthur Lira e terá domínio direto sobre os três maiores colégios eleitorais do país — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — além do Distrito Federal, Maranhão, Paraíba, Sergipe e Tocantins. Os demais estados foram divididos entre as legendas. O PP, presidido pelo senador Ciro Nogueira (PI), controlará Acre, Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina. Já o União Brasil, liderado por Antônio de Rueda, ficará com Ceará, Goiás, Amazonas, Bahia, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Norte e Rondônia.
O arranjo político elevou a preocupação de parlamentares que temem perder influência nos seus redutos eleitorais para rivais internos, sobretudo com relação à distribuição do fundo eleitoral e à definição de candidaturas para 2026. Há também receio de que a nova estrutura limite o poder de articulação individual dos deputados em seus estados.
Diante do cenário, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, surge como o destino mais provável para os eventuais dissidentes. A expectativa é que a sigla bolsonarista ganhe força com a possível migração de parlamentares descontentes, especialmente durante a próxima janela partidária — período em que trocas de legenda são permitidas sem perda de mandato.
Com 109 deputados federais somados — 59 do União Brasil e 50 do PP — e 13 senadores, a federação se torna a maior força na Câmara dos Deputados, superando o PL. Além de garantir a maior fatia do fundo eleitoral, o novo bloco se consolida como peça-chave nas alianças para as eleições estaduais e presidencial de 2026.
Apesar da comemoração da cúpula com a criação da federação, o clima entre parte da base é de instabilidade. As próximas semanas serão cruciais para definir o impacto real da medida e se o projeto de construção de um “gigante político” no centro do espectro partidário conseguirá se manter de pé.
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