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Prefeitos usam até cantores gospel para atrair eleitorado no Amazonas

  • blogdojucem
  • 8 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

Prefeitos do Amazonas gastarão R$ 6 milhões com shows de cantores nacionais a três meses eleições municipais. A maioria dos artistas foi contratada sem licitação para festas. São cantores dos gêneros musicais sertanejo, forró e tecnomelody que estão em evidência, mas também há aristas do estilo gospel – um “agrado” ao público que pesa na eleição e que é mira dos políticos: os cristãos.


Levantamento feito pelo ATUAL mostra que os gestores contrataram 22 artistas com cachês entre R$ 80 mil e R$ 650 mil para eventos que ocorrerão no período pré-eleitoral. A pesquisa teve como base os extratos das contratações publicadas entre 1º de junho e 8 de julho no diário oficial dos municípios.


A Prefeitura de Coari, a “terra do gás”, terá o maior gasto. O prefeito Keitton Pinheiro dispensou licitação para contratar artistas nacionais para a festa de comemoração de 92 anos da cidade, celebrado no início de agosto. O show de Xand Avião vai custar R$ 650 mil; de Joelma, R$ 450 mil; de Manu Batidão, R$ 450 mil; e da cantora gospel Maria Marçal, R$ 180 mil.


A cantora Marília Tavares e o cantor Nadson O Ferinha são os preferidos dos prefeitos. A roraimense, que tem cachê na média de R$ 200 mil, foi contratada pelas prefeituras de Barreirinha, Borba, São Sebastião do Uatumã e Coari. O sergipano, com cachê entre R$ 290 mil e R$ 420 mil, foi contratado por Manacapuru, Urucará e Urucurituba.


Os dados do levantamento mostram preocupação dos gestores com o público religioso, que tem influenciado nas eleições. Os prefeitos destinaram dinheiro público para contratação de artistas que cantam músicas cristãs. O cachê deles vai de R$ 80 mil a R$ 190 mil.


Os artistas se apresentam, na maioria dos casos, em eventos como “Marcha para Jesus”, aniversário da cidade e eventos católicos. Em Eirunepé, por exemplo, a cantora Maria Marçal vai se apresentar por R$ 197 mil. Ela também se apresenta em Coari, com cachê de R$ 180 mil.


O cantor Padre Ezequiel foi contratado por Manaquiri e Autazes. As prefeituras pagaram R$ 80 mil e R$ 100 mil, respectivamente, pelos shows dele.


Turismo e comércio


Ao dispensar a licitação para fazer a contratação dos artistas, o prefeito de Coari, Keitton Pinheiro, alegou que as apresentações proporcionam lazer e entretenimento, mas também desenvolvem o turismo e fomentam o comércio local. Essa alegação é unânime entre os gestores que promovem as festejos com cantores nacionais em todo o Amazonas.


Em Urucurituba (município a 299 quilômetros de Manaus), o prefeito Claudenor Pontes, mais conhecido como Sabugo, contratou os cantores Manu Batidão e Nadson O Ferinha por R$ 350 mil e R$ 290 mil, respectivamente, para a 19ª Festa do Cacau, que ocorrerá entre os dias 10 e 13 deste mês.


As contratações foram contestadas pelo Ministério Público na Justiça, que proibiu a prefeitura de gastar dinheiro público com os artistas. O juiz Eduardo Alves Walker afirmou que a prioridade são os serviços básicos.


Ao defender a despesa, Claudenor afirmou que a festa movimenta a economia da cidade, beneficiando artesãos e comerciantes. “São mais de 30 segmentos que conseguem alavancar a economia durante o evento do Cacau. Nós temos bazares, lanchonetes, mototáxi, táxi carga, lanchas, barcos, restaurantes, hotéis, cabelereiros, barbeiros, artesãos, o comércio terceirizado. É muito importante fomentar esse terceiro setor”, afirmou Pontes em vídeo nas redes sociais.


O número de contratos, no entanto, pode ser maior, pois alguns gestores divulgam as informações dos gastos meses após o evento. É o caso da Prefeitura de Urucará (a 260 quilômetros de Manaus), que divulgou em junho o extrato da contratação do cantor Nadson o Ferinha, por R$ 250 mil, para uma apresentação que ocorreu em abril, na Festa do Divino.


Recentemente, algumas prefeituras anunciaram artistas nacionais como atrações de eventos tradicionais. Os valores, no entanto, ainda não estão disponíveis. É o caso da Prefeitura de Presidente Figueiredo (a 126 quilômetros de Manaus), que terá Xand Avião, Joelma, Marília Tavares e Pablo do Arrocha na Festa do Cupuaçu.


Também é o caso da Prefeitura de Maués (município a 257 quilômetros de Manaus), que anunciou Maiara e Maraísa, grupo Kamisa 10 e a banda Detonautas para a Festa do Guaraná.


Os prefeitos se aproveitam de brecha na lei para fazer a farra. É que a nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021) prevê que “é inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de (…) contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública”.

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