Senadores do AM adotam posturas diferentes em relação à BR-319: Plínio manterá rivalidade com Marina, Omar mobiliza Senado e Eduardo mergulha nos bastidores
- blogdojucem
- há 6 dias
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Depois da sessão tumultuada de ontem na Comissão de Infraestrutura do Senado, que repercutiu forte na mídia nacional, os três senadores do Amazonas decidiram adotar posturas totalmente diferentes para tentar destravar o licenciamento ambiental para o asfaltamento do trecho do Meio da BR-319 (Manaus-Porto Velho). Os dois que participaram do bate-boca com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, decidiram pelo confronto. Plínio Valério (PSDB), que é opositor do Governo Federal, aumentou ainda mais o tom contra a adversária. Omar Aziz (PSD), que apoia o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) tenta mobilizar o Senado para forçar a União a andar com a liberação da obra. Já Eduardo Braga (MDB), que não estava na fatídica reunião, mergulhou nos bastidores para tentar aparar as arestas, manter as obras já em andamento na rodovia e evitar que o conflito ocorrido com os colegas dificulte ainda mais as coisas.
Na reunião, os senadores oposicionistas, com apoio de alguns governistas, como Omar, acusaram Marina de travar cerca de cinco mil obras em todo País. O discurso mais forte foi justamente o do senador pelo Amazonas. “Não é conversa fiada, não é discursinho. Se Brasília tivesse que ser construída hoje, o Juscelino Kubitschek levaria 100 anos, coisa que ele fez em cinco, porque, se um calango estivesse lá, o Ibama não permitiria. O Lago Paranoá não existiria, Camboriú não existiria, Ipanema não existiria, Copacabana não existiria. E nós é que temos que pagar essa conta?”, questionou.
O senador destacou que os amazonenses têm o direito de trafegar pela BR-319, refutando a ideia de que a estrada deva permanecer sem a devida manutenção por questões ambientais. “Nós temos o direito de passear na 319. A senhora passeia na Avenida Paulista hoje. Nós queremos passear na 319”, afirmou, dirigindo-se à ministra. Em outro momento do pronunciamento, Omar fez um apelo emocionado ao relembrar as mais de 15 mil mortes ocorridas em Manaus durante a pandemia de Covid-19, muitas delas agravadas pela falta de oxigênio e pela ausência de uma ligação rodoviária entre Manaus e o restante do país.
“Eu vi quinze mil pessoas morrerem na cidade de Manaus por falta de oxigênio, porque a BR-319 não estava asfaltada e era época de inverno, ministra. Meu irmão morreu por falta de oxigênio, amigos meus morreram por falta de oxigênio, porque não tinha uma estrada para levar oxigênio. A senhora quer que eu fique passivo a tudo isso?”, desabafou o parlamentar.
Mas foi quando Plínio se manifestou que a sessão azedou de vez. Antes dele, o presidente da sessão, senador Marcos Rogério (PL/RO), que também é defensor do asfaltamento da BR-319, havia protagonizado o primeiro bate-boca com Marina, ao dizer que ela deveria se colocar no seu lugar. O fato repercutiu muito nas redes sociais, com muitas críticas ao parlamentar.
Plínio iniciou sua fala dizendo que respeitava Marina como mulher, mas não como ministra. Ela então o interrompeu e exigiu que ele pedisse desculpa, pois do contrario iria se retirar. Ele negou o pedido e ela levantou-se, lembrou que ele havia dito em uma reunião com empresários de Manaus que queria enforcá-la e se retirou da sessão.
“Ministro governador, senador posso respeitar ou não. E a do Meio Ambiente não tenho como respeitar porque ela nos desrespeita sempre impedindo que sejamos brasileiros de fato e direito”, disse Plínio após a sessão, mantendo o tom áspero contra Marina. “Querem o quê? Judicializar? Querem o quê? Cassar mandato? Que seja! É um conceito. Eu não posso respeitar quem ironizou a minha população dizendo que a gente quer uma estrada para passear – como se passear não fosse um direito. Ela nos tira esse direito. Então, é isso aí”, acrecentou.
“Querem me colocar no olho do furacão. Beleza!. Não vou mais me defender. Eu tinha prometido não me defender, porque eu não fui eleito para me defender, eu fui eleito Senador para defender o Amazonas. Não tem defesa minha, não vou me defender e vou defender o Amazonas sempre. Quem quiser que lacre, quem quiser que me acuse. Ainda vão tolerar um ano e meio”, disse Plínio.
Articulação no bastidor
Longe da polêmica, o senador Eduardo Braga começou ainda ontem a conversar com autoridades do Governo Federal tentando colocar panos quentes nas discussões e avançar com as obras já em andamento e com o licenciamento do trecho do meio da BR-319.
Na semana passada ele levou jornalistas para conferir o andamento das obras nas pontes da rodovia, que desabaram no final de 2022. Ele também tem alocado recursos para dragar o leito da estrada, evitando os atoleiros, que eram comuns antes. Braga ficou receoso de que o embate de ontem atrapalhasse o que já está sendo feito, inclusive o asfaltamento de um trecho de 50 quilômetros já licenciado.
O receio faz sentido. Após o conflito no Senado, o presidente Lula e os principais ministros do Governo saíram em defesa de Marina. Ela saiu da reunião ainda mais forte e pode colocar novos obstáculos para o avanço das obras na BR-319.
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